quarta-feira, 31 de março de 2010

Coração de Porcelana

Coração se divide em porções
Ponha o sexo da garota de programa
A inocência da pessoa que ama
Junto com a melodia das canções

A astúcia do médico nas operações
A conduta da freira puritana
Com o aconchego da própria cama
E o cuidado de nossas mães

É, o coração se divide num drama:
Quando se joga no amor que chama
As palavras transformam-se em frações

Perde-se lógica e as noções
E entrega-se a qualquer fulana
Seu coração de porcelana.

sábado, 27 de março de 2010

Lei De Murphy

Murphy tinha um sério problema na sua vida: Tudo acontecia na hora errada. Acendia o cigarro e o ônibus chegava, estudava e ia mal na prova, não estudava e ia bem, se queria pegar um atalho, sempre se perdia. Se existia mais de uma maneira de uma tarefa ser executada e alguma dessas maneiras resultar num desastre, certamente era a maneira escolhida por ele para executá-la. Por vezes Murphy tinha ótimas ideias e acreditava que sua maré de azar tinha acabado, mas logo descobria que alguém já tivera aquela ideia antes. Toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é ruim, acontece. Sempre encontrava o que NÃO estava procurando. Suas seis fases de um projeto: Entusiasmo; Desilusão; Pânico; Busca dos culpados; Punição dos inocentes; Glória aos não participantes.

Certo dia Murphy achou que estava apaixonado e isso começou a a perturba-lo profundamente, lembrando que tudo que tem para acontecer, acontece com ele. Mas Murphy estava decidido a não deixar isso interceder no seu relacionamento. Comprou flores, bombons, levou para jantar no Gallipoli, Dona Derna, Dona Lucinha, não foi mais no seu futebol, parou de fumar, aprendeu "Oh, Darling!" no violão... Esperou creditar-se que ela estaria gostando dele também para conversar e deixar as claras o que estava acontecendo ali.

Ahhh Murphy! Murphy esqueceu que não é apenas a sua lei que determina aquilo que vai acontecer. O número de exceções sempre ultrapassa o numero de regras. E há sempre exceções às exceções já estabelecidas. E lá estava a sua garota com seu melhor amigo. Agora Murphy sabe que toda a ideia revolucionária provoca três estágios: 1º. é impossível - não perca meu tempo. 2º. é possível, mas não vale o esforço 3º. eu sempre disse que não era uma boa ideia.

domingo, 14 de março de 2010

Conto de Fadas

Era uma vez um carinha, tinha tudo que queria. Andava de helicóptero, ia nas festas badalas de madame Desirée e família Cunha Braga Lovato de Medeiros. Tinha seu carro do ano, importado, cor azul ardósia. Bebia Absinto, red label, jack daniel's, cerveja já tinha tomado Vielle Bon Secours, Samuel Adams’ Utopias e Tutankhamen Brew. Se amor próprio e seu orgulho era algo, definitivamente, inabalável.
Por incrível que pareça não era alguém esnobe, preconceituoso ou cruel. Simplesmente era um cara que teve sorte de ter pais que o proporcionaram que estudasse em escolas finlandesas e universidade no Estados Unidos. Era um cara que se podia conversar, que tinha interesse por aquilo que você dizia e pensava. Mais engraçado ainda era saber que ele já sabia de todas as informações que você poderia dar, mesmo assim se via aquele olhar interessado.
É separado e tem uma filha que não via a 2 anos, nada comparado aos 5 que não tirava férias. Era indagado em causas sociais no mundo inteiro, especialmente em Angola, Guiné-Bissau e no Níger. Foi para a Indonésia e Haiti ajudar nas catástrofes de terremotos e tsunamis, muitas vezes sendo o único cirurgião disponível para mais de 1 mil pacientes.
Ele era tudo isso e morreu de tripanossomíase africana. Nunca vai ser canonizado, mas foi em paz!