segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ponto de Vista

Acordar e ver na carteira, além de alguns papeis de suma importância, 60 centavos não é das sensações mais agradáveis que se tem. Lembro ainda das noites anteriores e dos últimos dias que se passaram a base de muita estratégia, nada muito longe do que foi a minha vida até aqui, mas especialmente nessas últimas semanas. Descobrir como se economizar dinheiro para um bem maior, planejado e futuro.

Acordar se sentindo sujo, alguns dias sem banho, sem ter o que fazer e passar 90% do seu dia, incluindo o tempo que se dorme, dentro do seu quarto, nunca me pareceu possível. Beber o que tem, comer o que restou do almoço e ganhar o dia por achar uma garrafa de bohemia esquecida no armário. Ela ta lá ainda, gelando, me esperando.

Não, Nããão! Isso não é um diário do meu dia, pelo amor de Deus!

Vamos recomeçar...

Acordar e lembrar das noites surpreendentes que andam acontecendo, que maravilha! Breve chegará o próximo mês e meu dinheiro, meu lucro, meus assaltos, todos me renderão frutos. Colherei-os e cultivarei-lhes com carinho de mãe. Felizmente, enquanto estou na merda, meus amigos me ligam:

- o meu amigo, que tal aquela cervejinha com sinuca no bar?

- bah, meu velho! No have money!

- e quem te cobrou alguma coisa?

Que bela ressaca foi aquela! Adoro o termo cervejinha. Isso te transporta para aventuras infundadas, surpreendentes como dever ser a vida. Imeginem: vamos tomar um porre e beber até cair. Sem graça, sem propósito, isso se tu não tiver nada para comemorar como uma aprovação em um concurso, morte da sogra ou algo do gênero.

Acordar sem muita disposição para arrumar o quarto e ver que aquele livro que, apesar de achar bom, leu 30 ou 40 páginas apenas, ao alcance da tua mão! E para ajudar está na parte super emocionante. E lá se foram 5 ou 6 horas pendurados nele. Tu já colocou o celular no silencioso, desligou o computador, em volta de ti estão pratos e copos sujos, na sua mente um filme, personagens bem definidos, críticas já estabelecidas e a espera daquele final, o final que vai determinar o seu humor no final do dia. O DIA, claro! O dia acabou.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Godô de Maria

Maria nunca pensou que uma mentira, que não era tão boba, fosse vivar no que virou. Ta certo, era o ano 1 a.C., naquela época era muito feio dar uma trepada antes do casamento. Infelizmente não conseguiu resistir aquele cavaleiro medieval de cabelos longos, lisos e sedosos, barba mal feita e de lábia afiada. Dois meses depois, grávida, abandonada e desesperada estava disposta a não sujar a sua reputação. Foi então falar com José, seu pretendente, homem mais velho e vivido:

- José, estou grávida, mas ainda sou virgem e você foi designado a criar esse filho comigo, ele vai salvar a terra da maldade(?), vai ser o Messias, uma cobra me disse!

A gargalhada que José deu dava para se ouvir lá na Galileia. Ele pegou sua bicicletinha e foi da uma banda no puteiro, gritava a todos os cantos em meio aos soluços:

- Aquela Maria, que vadia! - soltou uma risada forte - Disse que ta grávida e É VIRGEM! - sua risada era mais forte agora, acompanhada de batidas do caneco de vinho em cima da mesa.

Só que Maria era muito amiga de uma das moças do puteiro, que colocou uma figurinha de LSD dentro do vinho de José. Elas tinham combinado isso para que Maria se vestisse que anjo, vocês já vão entender.

Lá estava José, já numa super paulada, a caminho de casa. Ele conversava com as plantas, as pedras, os Flintstones, quando de repente, e não mais que de repente, surge uma fumaceira na estrada e José vê um anjo(Maria fantasiada e falando com a voz grossa):

- José, José?
- Pois não?
- Você não está me reconhecendo José?
José pensou um pouco
- Vagamente. que paulada
- Sou o arcanjo Gabriel, José!
- ahhhhhhhhh! - Gritou com espanto - Cara! Sou teu maior fã! Vou todos os domingos na Igreja só pra ver tua figura cara, desde guri eu guardo as reportagens que saem sobre ti, cara! Vi a tua entrevista na capricho, tu é foda! Até os calendários teus, tenho todos! Porra! Nem acredito... - Falava José com um sorriso bobo de moleque no rosto.
Maria se recuperando do susto
- Então você acredita em tudo que eu falo, José?
- Pô, cara! Tua palavra pra mim é lei.

No outro dia pela manha, José, meio ressacado se casou com Maria. Todo mundo ficou de boca aberta com a história que José contara. Arcanjo Gabriel era o ídolo da época, todos sonhavam em vê-lo um dia. O filho de Maria começou a ser aguardado com muita ansiedade. O moleque nasceu e cresceu acreditando que era filho de Deus, seu nome era Jesus.

- Foda-se, José! Você não é meu pai.

Acreditando que nada lhe atingiria Jesus começou a ler sobre comunismo, anarquismo, desenvolvimento sustentável, buraco na camada de ozônio. Começou a contestar o Império Romano e a Igreja católica, logo convenceu uns amigos a tramarem uma revolução.

- Vamos dar ao povo o que lhe é de direito! - gritava Jesus para seus seguidores.

Depois do discurso, enquanto tomava uma água, Jesus chamou Judas para um canto.

- Velho, tu vai me fazer um favor.
- Claro, mestre! O que o senhor quiser.
- Tu vai lá no imperador e vai me entregar.
Judas olhou para Jesus com cara de espanto.
- Velho, que colocaram no teu vinho?
- Relaxa, rapaz! Tu não sabe que eu sou filho de Deus? Nada vai me acontecer.
- Mas Jes...
- Não conteste minhas palavras, Judas! Vá lá e faça isso agora mesmo!
- Beleza, tu é quem manda. Cada maluco que me aparece.

Jesus levou tanto pau dos guardas do Imperador que até hoje é lembrado.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Felizes Para Sempre (Lado B)

Era uma vez um casal lindo que passeava em um bosque macabro e denso... e eles foram felizes pra sempre! Mas que vida chata deviam levar! Passam todo dia sorrindo, se amando e, mesmo enjoados de tanta felicidade, isso os deixavam felizes. Estavam condenados a felicidade. Já haviam tentado de tudo para que aquela felicidade infernal acabasse, mas bastava olhar um para o outro que...hunf... ela voltava.

Pegaram a sua carroça de moranga e foram até a fada madrinha pedir-lhe que desfizesse o encanto, queriam uma vida normal, pus a felicidade já não era mais felicidade. Os momentos singulares já não causavam euforia, era sempre a mesma coisa, tudo dava certo, logo não havia nada a se superar, nada a aprender com erros. Infelizmente ela disse aos dois que nada poderia ser feito e que eles permaneceriam assim para todo o sempre.

Elaboraram um plano então "vamos roubar um bando e ser fugitivos da lei". Acreditavam cegamente que seriam presos, que ilusão! Jamais alguém roubara um banco com tanta facilidade. E assim prosseguiram roubando bancos sem nunca levantarem suspeitas, muito menos serem pegos. Tentaram ir a polícia dizer que eram os culpados, mas quem acreditaria que um casal tão feliz faria tudo isso e colocaria em jogo tamanha felicidade?

Esses mesmos policiais que negaram a eles o direito de se separarem foram os que encontraram seus corpos suicidas. Aquele ''felizes para sempre'' durou pouco mais de 5 anos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O Medo da Nova Cidade

O medo que tenho é enorme
Que se mistura com vontade
De acolher-me em nova cidade
De olhar-te enquanto dorme

O medo que tenho de viagem
Não é do novo, isso me excita
É de que em ti não reflicta
Toda essa minha coragem

No ambíguo perigo arremeço
Minh'alma de pura vivacidade
E que por as vezes que a tropeço

As palavras saem tempestade
As atitudes com certa maldade
Mas é medo, e medo cesso.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

As Minhas Calças Que Caem

Tenho comigo uma calça da sorte
Que, não importando tamanho ou porte,
As minhas calças caem de desejo
As calças caem e eu nem vejo!

Se estou em algum lugar parado
E lá vem o traído namorado
Que ao me ver de atrás sai correndo
As minhas calças caem de medo!

Se me falam que a festa é na praia
E lá vem a garota de tomara-que-caia
Já penso que é das malvadas
As minhas calças caem molhadas!

Se te vejo no meio da confusão
Com um pedaço de ferro na mão
Oh, não! Vindo pronta pra me bater
As minhas calças caem sem nem ver!

Se sei que você está lá na boate
Aí vou lá testar a minha sorte
Se você acreditar no amor verdadeiro
As minhas calças caem no banheiro!

Se o dia está terrivelmente quente
Você nem sabe o que tenho em mente

Vou aí te pedir um favor
E as minhas calças caem de calor

E se tu era quem estava à procurar
Vou passar os dias à te venerar
E quando te amar com todo fervor
As minhas calças cairão de amor!

Mas agora que o ano é outro
Pode ser que te encontre no meio do povo
E talvez em meio ao todo
As minhas calças caem de novo!