sábado, 19 de novembro de 2011

Comentários e Composição

Nunca consegui escrever no escuro, criar um clima noir com personagens cínicos e antipáticos. Ligo a luz, raramente acendo um cigarro ou coloco uma música clássica ao fundo. Meu processo de criação é simples: alguém entra em contato comigo, me conta alguma mentira ou supervaloriza alguma história, nem sempre na primeira pessoa, as vezes vem junto com o famoso "alguém me falou". Pronto, criada aí a primeira linha da minha postagem, agora basta juntar toda a vivência que eu tive com a pessoa.

É aqui no blog que, de alguma maneira, eu transporto toda a minha frustração e descrença com o que eu vivo, vejo, ouço, leio. É tanta coisa! Vou até contar essa última historinha que me contaram.


X.: Tenho que falar uma coisa contigo.

@gr1ngs.: diga.

X.: Onde tu estava ontem de noite?

@gr1ngs.: Na minha casa vendo Cavaleiros do Zodíaco e estudando.

X.: Não tá em Santa Maria?

@gr1ngs.: não.

X.: Me falaram que você estava aqui ficando com um homem ontem e que andou falando mal de mim.

@gr1ngs.: Bom, eu estou em Frederico Westphalen, 350 quilômetros distância, passei a noite no meu quarto estudando para a semana desgastante de provas, trabalhos e artigos que eu tenho pela frente, provavelmente não era eu.

X.: E por quê vieram me falar isso?


Bom, aqui entramos num ponto interessante da conversa, a hora que o "mensageiro" começa a entender que pode não ter sido bem assim como contaram para ele. Criamos então "o vilão da história". Gosto de vilões, gosto de imaginar pessoas muito bem articuladas tentando me ferir ou querendo ferir um outro alguém. Meus vilões geralmente são mulheres, por motivos óbvios, o que já gerou muita discussão por aqui. Mas continuemos a historinha.


@gr1ngs.: Não sei, mas já me acostumei, não me abala mais.

X.: Você fica com homem?

@gr1ngs.: Não.

X.: Vai mentir?

@gr1ngs.: Se falam isso é porque tenho muitos amigos homossexuais e trato eles sem medo. Cumprimento com abraço, beijo no rosto, falo que estava com saudade na frente de quem for. Sou bem seguro da minha heterossexualidade, não preciso de uma fama de macho pra me sentir como tal.

X.: Fiquei muito mal quando soube, tudo que eu queria era esmagar a tua cabeça.


Nessa parte penso que somente somente eu não dou a mínima importância quando se trata de fofoca, esse tipo de fofoca. Tirando alguém que não se possa ter segredos(pelo motivo banal que seja), quem vem te contar uma coisa dessas não pode querer o seu bem, quer contar vantagem, naquela máxima que está encardida numa sociedade competitiva de que você precisa destruir o outro para chegar ao topo, quando seria muito mais fácil se ajudarem. Não que alguém falar que ser homossexual venha a ser uma ofensa, parte da intensão que o delator tinha quando profanou algo sobre alguém.
Bom, agora eu supervalorizo mais ainda e vamos montar a estória...

"
Comentários

BOOM! Foi o que João ouviu do seu quarto enquanto tentava dormir, levantou-se de pressa, pôs a bermuda e correu para a sala. Quando abriu a porta já sentiu o vento gelado da rua, o que fez a sua pele arrepiar. Maria, sua namorada, vinha na sua direção com sangue nos olhos, ele tenta um "olá" meio despretensioso, mas ela lhe devolve um olhar de ódio, passa por ele batida, abre sua mala jogando suas roupas dentro da mesma com muita raiva.

Sem entender nada, mas ainda calmo, João pergunta o que estava acontecendo, porque daquela atitude tão repentina. Maria então para, olha seriamente para ele e solta a famosa frase "Eu sei de tudo". Vamos combinar que ninguém é 100% inocente, na cabeça de João logo veio o dia que ele mentiu pra ir no futebol, no bar com os amigos, que ele fumou, o dia que derrubou cerveja no sofá dela e escondeu com uma roupa que ela gostava. Mas nada disso seria motivo pra ela ficar daquele jeito, nem no mais alto de uma TPM. Lembrou do dia que flertou com a vizinha, com a caixa do supermercado, das belas bundas que observou na passagem, das moças que davam encima dele nas festas quando Maria não via e claro, das conversas machistas sobre mulheres com os amigos enquanto ela não estava por perto. Mas João, mesmo raciocinando tudo isso, soltou a resposta óbvia "tudo o que?".

As próximas duas horas foram de muita conversa, Maria explicando os comentário que ouvira, João contando os fatos. Tudo certo, depois de muito choro fizeram as pazes e dormiram juntos, numa noite de amor puro. Mesmo assim, no outro dia, por via das dúvidas, Maria traiu João. "

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Amor Pelo Meio

Eu sofro por amor. Não por ter um amor que me faz sofrer ou por não ter um amor e me sentir sozinho. Sofro pelo amor que vaga dentro de mim, que procura atenção em cada gesto que uma pessoa que admiro. Sofro por não ter um amor pulsante dentro de mim, nem por coisa, nem por pessoa. Ah, eu sofro. Tenho essa mania de delirar pensamentos que nada mais fazem além que me deixar inseguro, incrédulo, inóspito e muitas outras negações de interioridade sensitiva.

Sofro por amor quando não sou correspondido e quando não correspondo. A ideia de que alguém se sentirá rejeitado me dói tanto quando alguém me nega atenção e carinho. Essa vontade de ver todo mundo se amando, sorrindo, feliz que muitas vezes me transforma num babaca, falante e carente. Por outro lado, me transforma em um ser humano cruel, capaz de proteger o sorriso alheio a qualquer custo.

Sofro porque vejo na minha volta muito amor igual. O da mulher plástico com o homem dólar, do cachaceiro com a prostituta, do artista com a groupie e... bom... enfim..., sempre que eu falo de amor, paro no meio.