sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cigarro

Caminhava rapidamente pela rua de Pedra com os punhos cerrados, ao fundo somente o som do vento norte e do latido dos cachorros vindo de todas as direções, a raiva explodindo o peito, o coração batendo pesado e os olhos vermelhos, sem lágrimas ainda, mas evidenciando todo o sofrimento que se passava naquela noite. Para. Tira a carteira de cigarro do bolso da jaqueta de couro, saca o cigarro, mãos trêmulas, o isqueiro custa a acender, teve de escondê-lo do vento atrás da jaqueta. Junta o indicador e o polegar apertando o filtro e lá vem a primeira tragada, não se desperdiçaria ela naquele momento. A palma da mão já seca o nariz que começou a coçar, o andar ficou mais lento e o coração mais leve. Até que parou e olhou para lado, mirou o meio fio e sentou em queda, olhou o cigarro, a fumaça subindo em curva, virando um redemuinho no meio e se espalhando no final. Puxa outra tragada, a mais forte indicado pela brasa queimando mais brilhante. Levanta a cabeça e solta a fumaça com força! E ficou o resto daqueles 5 minutos numa cena cômica que é chorar e fumar ao mesmo tempo. Quando o cigarro acabou as lágrimas também acabaram. Inclinou a bituca entre o dedo médio e o polegar numa espécie de estilingue e o atirou quase que até o outro lado da rua, ainda saia fumaça da sua boca e do cigarro, nenhuma pessoa na rua, eram somente os dois, um romance, uma dependência, o mais puro e verdadeiro amor.

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