quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Espírito Livre

Friedrich Nietzsche escreveu isso a muito tempo...

"O sancta simplicitasEm que simplificação ou falsificação singulares vive o homem! O espanto não tem fim se por uma vez apenas voltamos os olhos para essa coisa espantosa! Como tornamos tudo a nossa volta claro e livre e fácil e simples! Como soubemos dar aos nossos sentidos um passe livre para tudo que é superficial, e ao nosso pensamento uma divina ânsia por levianos saltos e conclusões falsas! - como soubemos, desde o início, conservar nossa ignorância a fim de gozar uma liberdade, uma irreflexão, uma imprudência, um destemor, uma jovialidade da vida dificilmente compreensíveis, a fim de gozar a vida! E somente sobre essa base agora firme e granítica de ignorância é que até aqui se pôde edificar a ciência, a vontade de saber sobre a base de uma vontade muito mais forte, a vontade de ignorar, de incerteza, de inverdade! Não como o seu oposto, mas - como seu refinamento! Ainda que a linguagem, aqui como em outros assuntos, não posa deixar da sua grosseria e continue a falar de oposições onde há apenas graus e variada subtileza de níveis; ainda que também a estranha tartufice da moral, que agora pertence aos nossos insuperáveis "carne e sangue"², distorça a nós próprios, sabedores, as palavras na boca: vez por outra nos damos conta, e disso rimos, de como justamente ainda a melhor maneira nesse mundo simplificado, completamente artificial, inventado, falsificado, de como, de maneira involuntária-submissa, ela ama o erro, pois ela, a vivente - ama a vida!" ...da para acreditar?
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1. "Ó santa simplicidade!" Frase proferida, diz-se, pelo sacerdote tcheco, mártir e percursor da Reforma protestante Jan Hus(1349-1415) ao ver uma velhinha colocar um galho na fogueira onde ele ardia.
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2. Figuradamente, "hábitos estranhados".

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